quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Fibromialgia, saiba mais!


    De acordo com o Projeto Diretrizes da Associação Médica Brasileira, de autoria da Sociedade Brasileira de Reumatologia, publicado em 2004, a fibromialgia, ou síndrome fibromiálgica “pode ser descrita como síndrome dolorosa crônica, não inflamatória, de etiologia desconhecida, que se manifesta no sistema musculoesquelético, podendo apresentar sintomas em outros aparelhos e sistemas.”
    É uma doença de difícil diagnóstico, descrita como uma síndrome de amplificação dolorosa decorrente de defeitos  nos mecanismos centrais de supressão da dor e aumento da aferência nociceptiva central (sensibilização central), com consequências como alterações na percepção, aquisição e interpretação da dor pelo Sistema Nervoso Central (SNC).
    Observa-se que, nestes pacientes, os estímulos nociceptivos resultam em uma sensibilidade dolorosa maior e/ou muito mais desprazerosa do que seria esperado (hiperalgesia), e que estímulos antes não dolorosos passam a sê-lo (alodinia). Além do efeito da sensibilização central, ocorre o fenômeno da neuroplasticidade, responsável pelo aumento do tamanho da área dolorosa acima do esperado para o estímulo doloroso inicial.
    Estudos de agregação familiar da doença sugerem a existência de predisposição genética e/ou ambiental para o desenvolvimento da fibromialgia. Nesses indivíduos predispostos, vários fatores podem desencadear e modular o fenômeno doloroso, como estresse emocional, processos infecciosos, principalmente virais; traumas físicos repetitivos (DORT – doença osteoarticular relacionada ao trabalho) e outros traumas.
    A fibromialgia caracteriza-se por história de dor difusa e dor em pelos 11 dos 18 tender points. A dor precisa estar presente em pelo menos 3 meses e a presença de um segundo distúrbio clínico não exclui o diagnóstico. É descrita pelos pacientes como ardência, incômodo, rigidez e fisgada. Fadiga, artralgia, fraqueza muscular, rigidez, inabilidade funcional, distúrbios do sono, palpitações, dificuldade de concentração, olhos e boca seca e sintomas compatíveis com a síndrome do cólon irritável fazem parte da sintomatologia.
    Observa-se que há uma prevalência do aparecimento da fibromialgia entre mulheres;  segundo estudo publicado pela Revista Brasileira de Reumatologia, afeta aproximadamente oito vezes mais mulheres  do que homens, provocando impacto negativo sobre a qualidade de vida e atividades de vida diária das pessoas com esta doença.
Em um estudo que avaliava os sintomas depressivos e da qualidade de vida em pacientes com síndrome fibromiálgica, pôde-se observar que 83% dos participantes apresentavam sintomas depressivos em diferentes graus. De acordo ainda com o Projeto Diretrizes supracitado, cerca de 30% a 50% dos pacientes possuem depressão. Ansiedade, alteração do humor, do comportamento, irritabilidade e alguns distúrbios psicológicos acompanham cerca de 1/3 destes pacientes.


Resumo por: Carolina Lima.
Referência:
Projeto Diretrizez - Associação Médica Brasileira e CFM - autoria:Sociedade Brasileira de Reumatologia, mar 2004;
HEYMANN, R. et al. - "Consenso Brasileiro de Tratamento da Fibromialgia" - Rev. Bras. Reumatol. 2010.

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