De acordo com o Projeto
Diretrizes da Associação Médica Brasileira, de autoria da Sociedade Brasileira
de Reumatologia, publicado em 2004,
a fibromialgia, ou síndrome fibromiálgica “pode ser
descrita como síndrome dolorosa crônica, não inflamatória, de etiologia
desconhecida, que se manifesta no sistema musculoesquelético, podendo
apresentar sintomas em outros aparelhos e sistemas.”
É uma doença de difícil
diagnóstico, descrita como uma síndrome de amplificação dolorosa decorrente de
defeitos nos mecanismos centrais de
supressão da dor e aumento da aferência nociceptiva central (sensibilização
central), com consequências como alterações na percepção, aquisição e
interpretação da dor pelo Sistema Nervoso Central (SNC).
Observa-se que, nestes pacientes,
os estímulos nociceptivos resultam em uma sensibilidade dolorosa maior e/ou
muito mais desprazerosa do que seria esperado (hiperalgesia), e que estímulos
antes não dolorosos passam a sê-lo (alodinia). Além do efeito da sensibilização
central, ocorre o fenômeno da neuroplasticidade, responsável pelo aumento do
tamanho da área dolorosa acima do esperado para o estímulo doloroso inicial.
Estudos de agregação familiar da
doença sugerem a existência de predisposição genética e/ou ambiental para o
desenvolvimento da fibromialgia. Nesses indivíduos predispostos, vários fatores
podem desencadear e modular o fenômeno doloroso, como estresse emocional,
processos infecciosos, principalmente virais; traumas físicos repetitivos (DORT
– doença osteoarticular relacionada ao trabalho) e outros traumas.
A fibromialgia caracteriza-se por
história de dor difusa e dor em pelos 11 dos 18 tender points. A dor precisa estar presente em pelo menos 3 meses e
a presença de um segundo distúrbio clínico não exclui o diagnóstico. É descrita
pelos pacientes como ardência, incômodo, rigidez e fisgada. Fadiga, artralgia,
fraqueza muscular, rigidez, inabilidade funcional, distúrbios do sono,
palpitações, dificuldade de concentração, olhos e boca seca e sintomas
compatíveis com a síndrome do cólon irritável fazem parte da sintomatologia.
Observa-se que há uma prevalência do
aparecimento da fibromialgia entre mulheres;
segundo estudo publicado pela Revista Brasileira de Reumatologia, afeta
aproximadamente oito vezes mais mulheres
do que homens, provocando impacto negativo sobre a qualidade de vida e
atividades de vida diária das pessoas com esta doença.
Em um estudo que avaliava os
sintomas depressivos e da qualidade de vida em pacientes com síndrome
fibromiálgica, pôde-se observar que 83% dos participantes apresentavam sintomas
depressivos em diferentes graus. De acordo ainda com o Projeto Diretrizes
supracitado, cerca de 30% a 50% dos pacientes possuem depressão. Ansiedade,
alteração do humor, do comportamento, irritabilidade e alguns distúrbios psicológicos
acompanham cerca de 1/3 destes pacientes.
Resumo por: Carolina Lima.
Referência:
Projeto Diretrizez - Associação Médica Brasileira e CFM - autoria:Sociedade Brasileira de Reumatologia, mar 2004;
HEYMANN, R. et al. - "Consenso Brasileiro de Tratamento da Fibromialgia" - Rev. Bras. Reumatol. 2010.
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